quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Acordei pensando nessa poesia que me lembra os tempos de faculdade e um amor que eu tive por lá. Desses tao grandes que achamos que quando se vai arrebenta junto o coração. E arrebenta mesmo.

Um dia um ex me falou que nunca deixavamos de amar determinadas pessoas, o sentimento apenas se atenuava e ficava quietinho no seu canto. Parece certo.

Eu ja postei outrora esse soneto aqui porque na ocasiao eu estava com o livro do Neruda e o menino me pediu para selecionar algo que expressasse o que eu sentia por ele. E eu selecionei o Soneto XI. O queixo dele caiu, nem preciso dizer, né?

O poema fala mais do que de um amor, mas de um desejo de possuir com intensidade uma pessoa.

Espero que gostem.

Soneto XI
Pablo Neruda

Tenho fome de tua boca, de tua voz, de teu pelo,
e pelas ruas vou sem nutrir-me, calado,
não me sustenta o pão, a aurora me desequilibra,
busco o som líquido de teus pés no dia.

Estou faminto de teu riso resvalado,
de tuas mãos cor de furioso celeiro,
tenho fome da pálida pedra de tuas unhas,
quero comer tua pele como uma intacta amêndoa.

Quero comer o raio queimado de tua beleza,
o nariz soberano do arrogante rosto,
quero comer a sombra fugaz de tuas pestanas

e faminto venho e vou olfateando o crepúsculo
buscando-te, buscando teu coração ardente
como um puma na solidão de Quitratúe.

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