Às vezes eu tenho vontade de tirar fotos da paisagem que vejo pela minha janela. Do 15o. andar, eu vejo os barquinhos desfilando alegres pelo mais lindo (e maltratado) espelho d'agua carioca. O sol alegra o percurso e o Caiçaras lá no meio, daqui, parece flutuar. O sol de fim de tarde se despede, deixando a cidade linda e nua.

Tudo isso me levou a pensar no que sou, fui e serei. No que fiz, no que deixei de fazer. Penso ainda no que tive de abrir mão por um suposto bem-estar, do qual nunca tive noticias. Aos 17 anos, eu sou toda nostalgia de uma garota que eu nao me permiti ser. E agora eu nao sei se é tarde demais para sê-la. Quando me vejo assim, desprotegida, as lágrimas a molhar o rosto, sendo uma a uma devoradas pela língua, percebo que faço o mesmo comigo; cada sentimento que eu externo, eu mesma devoro. Isso tudo cercado de uma racionalização vã e insana que tive de me impor.

Desse ponto, eu juro que nao sei mais para onde as coisas caminham...

Maybe these days arent only dark coffee days.