quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Eu sempre fui muito intensa. E ao mesmo tempo, sempre convivi com um enorme medo de sentir. A ponto de ignorar meus sentimentos, de alija-los, coloca-los em um canto seguro, dentro de uma caixa de Pandora, que me permitisse tocar a vida até que nao pudesse mais esconder de mim mesma. Como típico de quem vive assim, o sentimento explodia e descontrolado tomava a força de impulsão, de jorro, de estouro. Momento em que eu saia de mim e sentia tudo tão clara e plenamente que não conseguia mensurar ser mais assustador sentir ou sufocar.

Eu me perguntei tantas vezes se deixar o sentimento tomar forma aos poucos e ir me acostumando com ele nao seria melhor do que esperar tudo explodir e ir aqui e acolá catando meus cacos e tentando me acostumar com o que surgiu, com esse Big Ben gerando galáxias de sentimentos para os quais não me preparei.

Penso que talvez seja chegada a hora de abandonar o "Nao quero contar nem a mim mesma certas coisas", da Clarice Lispector, para uma postura mais leal comigo mesma. Falar-me a verdade. Ainda que só para mim, devagar. Pequenas palavras de realidade a cada dia. Permitindo-me ver o sentimento chegar manso e calmo, ao invés de invasivo, bagunceiro e desnorteador.

Será que estou finalmente pronta e madura para esse pacto? Eu penso que sim. Então vamos vivendo os sentimentos em pílulas diárias, com a constância e a calmaria que a tal da maturidade costuma trazer. Let's try.

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