sábado, 3 de abril de 2004

Sobre os acontecimentos do dia e da minha vida, este poema diz muito. Aliás, diz quase tudo.

E não estou aqui para ser entendida. As vezes acho que nem para me entender.

NÃO PASSOU
Carlos Drummond de Andrade

Passou?
Minúsculas eternidades
deglutidas por mínimos relógios
ressoam na mente cavernosa.
Não, ninguém morreu, ninguém foi infeliz.
A mão - a tua mão, nossas mãos -
rugosas, têm o antigo calor
de quando éramos vivos. Éramos?

Hoje somos mais vivos do que nunca.
Mentira, estarmos sós.
Nada, que eu sinta, passa realmente.
É tudo ilusão de ter passado.

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