sexta-feira, 30 de julho de 2004

Interlúdio 7

Ele estava sentado numa cadeira a sua frente. Ela estava deitada na cama, como quem se espreguiça e havia acabado de contar-lhe uma historia que fez seus queixos caírem. Permanecia calma, ainda preocupada com a reação dele, mas não tanto como antes. Simplesmente decidira ser sincera: tinha saído com outras pessoas.

O discurso por ele elaborado foi algo do tipo: desse jeito que você fala parece que eu sou um ninguém, você me desvaloriza. Não sabia que você precisava de outras pessoas, achei que estivesse bem só comigo.

Ela ouvia olhando para o teto. Não consigo saber o que poderia passar por sua cabeça. Estava serena. Cansada de tanto ouvir aquela conversa chata, uma ladainha - por assim dizer-, ela virou-se para ele. Sentou na cama e segurou seu rosto para que os olhos dele não se desviassem por um só instante:

- Eu te amo, mas enquanto você não decide o que quer fazer da sua vida, eu vou arriscando a felicidade em outros braços.

Voltou a se deitar, desta vez olhando para parede. Podia imaginar o rosto dele. Mas preferiu não pensar nisso. Ela acabara de tomar a sua primeira decisão em meses de inércia e repetição.

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