quinta-feira, 19 de fevereiro de 2004

Porque nem tudo é passivel de fazer sentido, eu me dou a liberdade da loucura e da criatividade.



Interludio 1

Naquela noite fresca, com o vento entrando pela janela e fazendo voar as cortinas, o casal estava ali, deitado na cama.

Pela primeira vez nao estavam juntos e abraçados. Ainda estavam despidos, mas cada um virado para um lado, pensando em suas vidas ou pensando em nada - isso eu nao sei.

Ela certamente pensava em muitas coisas e tinha o coracao tao junto a boca, como se quisesse saltar dali para dizer verdades. Mas o silencio era palavra de ordem.

Podia-se ouvir as respiracoes dos dois. E aquele silencio perturbador, constrangedor para quem estava ali, dividindo a mesma cama.

Ate que as palavras saltaram de sua boca sem que ela tivesse forças para impedir:
- Por que voce nao termina com ela?
- Porque eu nao sei se gosto de voce o suficiente para jogar tudo para o alto.
- E gosta o suficiente dela para nao jogar tudo para o alto? Do que voce tem medo?

Um novo silencio se fez porque ele nao tinha resposta que o coracao dela precisava. Seus olhos lacrimejavam. Porque ele era tudo o que ela queria e desejava para si. E aquelas palavras eram crueis. Tudo o que viveram ficaria assim, tao no barato?

Consigo ela pensava... Nao era sua ideia ficar no lugar daquela mulher que ele pintava ser obra de arte. Porque ela era outra pessoa, tao dispare, tao diferente. Nunca o relacionamento seria igual e nunca qualquer outro sentimento seria igual. Nao exigiria isso dele jamais. Porque queria algo novo. Algo novo no meio daquele assunto tao repetido e batido, do filme reprisado.

Ela nao seria jamais um outro vaso que ele colocaria sobre a mesa, no local daquele que ficou velho e usado. Mas parece que era exatamente assim que ele queria que fossem as coisas.

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