sábado, 9 de junho de 2001

"Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres." (Oswald de Andrade in Manifesto Pau-Brasil)

Sabe, eu demoro algum tempo pra escrever textos desse tipo. Sei lá. No modernismo brasileiro, Oswald de Andrade falava do conceito de antropofagia. Para ele, era inevitavel que estivessemos abertos ao que vinha do exterior (no caso, ele tratava da produção artistico-literaria) e por isso, deveriamos absorver sim a sua influencia. Mas, de uma maneira inteligente: era preciso aproveitar o melhor do que vinha de fora e digerir, misturar ao que tínhamos de bom. Assim, tudo o que nós teríamos em termos de produção intelectual seria a soma e não a negação de modelos. Para ele, o belo era deixar o conteúdo ditar a forma. A grande conquista do modernismo brasileiro foi a possibilidade da constante pesquisa estética.

Por que eu falei tudo isso? Porque, em parte, as coisas se processam assim pra mim. Eu preciso absorver as influências, pensá-las e digerir o que elas tem de bom. Aí então eu construo uma linha de raciocínio, de pensamento. A minha amiga Renata costuma zombar de mim quando me faz uma pergunta hiper complexa a respeito da vida e eu respondo "Ainda nao pensei sobre o assunto". Mas é verdade. Eu levo muito a sério essa questão de ter um posicionamento formado diante esta ou aquela situação. A gente não precisa ter um formado sempre, mas precisa ter a capacidade de escolher um por meio do nosso bom senso e pensamento crítico. Esse é o mérito.

Então... [OFF: Tou sentindo que eu tou fugindo ao tema.] Tem tanta coisa nas quais eu preciso pensar, tanta coisa que eu tenho pra dizer aqui, mas que ainda nao consegui nem dizer pra mim. Sabe quando nada tem forma ainda e tudo é so luz e som? [OFF: Poeticamente falando, eu diria que o universo, em seu principio era só luz e som] Pois é. Os pensamentos ainda estão nessa estado primordial, bruto, não lapidado. Uma hora eu escrevo.

Hoje eu não quero decidir nada além de quando comer, quando ir ao banheiro e quando dormir. Só o essencial, sem maiores implicações.

O Jô Frate, em seu blog Epifanias Imperfeitas postou uma poesia de autoria própria que eu acho que tem um pouco a ver com essa coisa disforme que eu tou vivendo agora. Vejam:

Banal

Trepar por trepar
sei que já faz parte.
Mas tá se perdendo
o que tinha de arte


Ah, depois eu posto mais sobre modernismo brasileiro. Tem muita coisa boa, vale a pena. Espero que você, meu querido leitor, possa partilhar comigo esse amor que eu sinto pela literatura brasileira. Mesmo que seja só por achar "bonitinho" o que tá escrito... :)

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