domingo, 22 de abril de 2001

Pronto, passou, acabou.
(Isso mesmo mulher, enxuga as lágrimas e bola pra frente.)
Pra quebrar o climinha chato desse blog, eu vou postar aqui o manifesto de uma vanguarda modernista europeia que influenciou o nosso modernismo. Achei muito foda o que tá escrito no manifesto. Do movimento em si, eu discordo um pouco. Mas as ideias estao ai pra circularem e sempre tem algo maneiro pra se aproveitar. Mesmo que seja pra se pensar "nao farei assim", nao é mesmo?

MANIFESTO DO SENHOR ANTIPIRINA

Dadá é nossa intensidade: quem levanta as baionetas sem conseqüência a cabeça sumatral do bebê alemão; Dadá é a vida sem pantufas nem paralelos; quem é contra e pela unidade e decididamente contra o futuro; nós sabemos ajuizadamente que os nossos cérebros se tornarão macias almofadas, que nosso antidogmatismo é tão exclusivista como o funcionário e que não somos livres e gritamos liberdade; necessidade severa sem disciplina nem moral e escarramos na humanidade.
Dadá permanece no quadro europeu das fraquezas, no fundo é tudo merda, mas nós queremos doravante cagar em cores diferentes para ornar o jardim zoológico da arte de todas as bandeiras dos consulados.
Somos diretores de circo e assobiamos nos ventos das feiras, nos conventos, prostituições, teatros, realidades, sentimentos, restaurantes, ohi, hoho, bang, bang. Nós declaramos que o automóvel é um sentimento que nos acariciou bastante nas lentidões de suas abstrações como os transatlânticos, os ruídos e as idéias. Entretando, nós exteriorizamos a facilidade, procuramos a essência central e ficamos contentes quando a podemos esconder; não queremos contar as janelas da elite maravilhosa, porque Dadá não existe para ninguém e nós queremos que todo mundo compreenda isso. Lá está o balcão de Dadá, eu lhes asseguro. De lá se pode ouvir as marchas militares e descer cortando o ar como um serafim num banho popular para mijar e compreender a parábola.
Dadá não é loucura, nem sabedoria, nem ironia, entenda-me gentil burguês.
A arte era um jogo de avelã, os meninos juntavam as palavras que têm um toque de sino no fim, depois choravam e gritavam a estrofe, e lhe metiam as botinas nas bonecas e a estrofe se tornou rainha para morrer um pouco e a rainha se tornou baleia, as crianças corriam até perder o fôlego.
Depois vieram os grandes embaixadores do sentimento que gritaram historicamente em coro:
Psicologia Psicologia hihi
Ciência Ciência Ciência
Viva a França
Nós não somos ingênuos
Nós somos sucessivos
Nós somos exclusivos
Nós não somos simples
E nós sabemos bem discutir a inteligência.
Mas nós, Dadá, nós não somos da opinião de vocês, porque a arte não é séria, eu lhes asseguro, e se manifestamos o crime para dizer doutamente ventilador, é para lhes ser agradável, bons auditores, eu os amo tanto, eu lhes asseguro e os adoro.

(TZARA, Tristan. Sept manifestes DADÁ. Paris, Jean-Jacques Pauvert, 1963)

Autenticidade total! :)

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