quinta-feira, 25 de março de 2004

Alunos ocupam gabinete de diretor de curso da UFRJ

Estudantes pedem afastamento de gestor por não contratar professores concursados

Sabrina Netto

Mais de 200 alunos do curso de direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no Centro, passaram todo o dia, ontem, dentro do gabinete do diretor do curso, Armênio Albino da Cruz Filho. Sem terem obtido a resposta que esperavam - o afastamento de Armênio - por ação da reitoria, os estudantes decidiram dormir na sala do diretor. Cerca de dez agentes da Polícia Federal e policiais militares foram chamados para conter um possível tumulto, por volta das 11h, quando a ocupação começou. No fim da tarde, os policiais foram embora. Segundo alunos, o diretor do curso deixou o gabinete logo pela manhã, sem ser visto pelos manifestantes.
De acordo com o diretor do Centro Acadêmico do curso de direito, Rafael Amorim, Armênio vinha promovendo uma direção arbitrária, além de perseguir politicamente alunos contrários a suas medidas.

- As notas somem e muitos não conseguiram se formar por serem contrários a ele. Foram 14 professores concursados, 12 adjuntos e dois assistentes, que ele não empossou. Enquanto isso, contrata 50 substitutos apenas pelo currículo. Temos pessoas sem qualificação, que não sabem falar português, tentando ensinar direito - denuncia Rafael, que anuncia para hoje uma visita dos alunos ao Conselho Universitário.

Depois de passarem parte da tarde na ocupação do gabinete, quatro alunos se organizaram e formaram uma comissão para negociar com o reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, o afastamento do diretor. A assessoria de imprensa da universidade informou que a reivindicação dos estudantes deverá ser difícil de ser atendida, já que faltam dois anos para o fim do mandato de Armênio.

- A faculdade teve um prejuízo de R$ 700 mil por causa da gestão dele. Uma comissão de sindicância da universidade recomendou seu afastamento. Só saímos daqui quando ele deixar a diretoria - argumenta o diretor do Centro Acadêmico.

A crise da unidade gerou uma ação judicial contra a diretoria, proposta pelo Ministério Público Federal, no início do mês. Segundo um dos professores concursados, a contratação vem sendo ''boicotada'' pela direção da faculdade, que estaria enviando os processos de admissão para a reitoria sem os documentos exigidos. Outra conseqüência denunciada por alunos é a dificuldade para que seja montado um curso de pós-graduação, já que faltam professores doutores. A UFRJ é uma das poucas universidades federais do país cujo curso de direito não tem mestrado. Em outro protesto, contra a direção, o professor titular Leonardo Greco acusou Armênio de desrespeitar a Lei de Diretrizes e Bases ao não democratizar sua gestão. Segundo ele, o dirigente não mantém reuniões freqüentes dos órgãos colegiados.

Hoje, os alunos da Escola de Belas Artes fazem um protesto na reitoria para denunciar o estado do prédio que ocupam na Ilha do Fundão. Segundo os estudantes, faltam mesas, cadeiras e iluminação nos ateliês. Eles também reclamam do projeto de levar a biblioteca para a Praia Vermelha, na Urca.

Jornal do Brasil

Ah, finalmente uma materia decente sobre o que esta acontecendo na faculdade...

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