terça-feira, 3 de agosto de 2004

Graças ao meu amigo Edu eu to lendo um livro maravilhoso do Joao Ubaldo Ribeiro. Ele - o Edu - disse-me: "Andrea, leia esse livro que vai ser esclarecedor. Melhor do que qualquer conselho que eu possa te dar." Chama-se a Casa dos Budas Ditosos, daquela serie sobre os pecados capitais publicada pela editora Objetiva. Este livro trata do pecado da luxuria.

Sabe o que eu acho? Que todos tinham de ler mesmo, com olhos de ver - como diria um professor de processo meu... Tinha de ser leitura de escola, lá pelo 3º ano do ensino medio. Leitura com discussao em sala sobre os valores de etica, moral e sexualidade. Iamos ver que temos um ranso de moralidade que so nos impede de caminhar em busca de felicidade, da experimentacao. Claro que lendo o livro eu me sinto suuuuuuper careta, mas oxigenar ideias é sempre bom.

No fundo, em se tratando de sexo, temos de fazer a nossa vontade e em comum acordo com o parceiro - pode ser no plural ou feminino tambem. E nos proteger. Fundamental no dia de hoje.

Tudo isso para dizer que acho que vou repartir uns trechos do livro com voces... O primeiro escolhido é esse aqui.

Enjoy...

"(...) Saímos de carro e fomos para um morro do Rio Vermelho a meu pedido. Quando cheguei la, abri a capota, fiquei de pe e tirei a roupa. Em seguida, mandei que ele tirasse tambem a roupa, enquanto eu me requebrava em pe no banco de tras. E ai, com uma lua descomnal iluminando a barra da baía de Todos os Santos, eu encarnei todas as deusas do amor, todas as diabas desabridas que povoam o universo, a Luxuria com suas traicoeiras sombras coleantes e seus estandartes imorais, seu chamado à devassidao, à dissipação e à entrega a todos os gozos de todos os matizes até chegar à morte lasciva, eu era a Luxuria integral, baixada ali para reinar como espirito imisericordioso e invencivel, naquele morro assombrado e suas redondezas petrificadas. Eu fiz tudo com ele, tudo, a ponto de achar que ele desfaleceria. E nem perguntou nada, quando eu sentei em cima do pau del e ele viu que eu já estava longe de ser virgem. Nao perguntou, nem eu disse nada. Depois de tudo o que fizemos, saí do carro, vesti a roupa, ajeitei o cabelo e a maquilagem, me compus com calma, voltei para o carro e, ao sentar, pedi com um sorriso recatado, quase pudico, que ele me levasse em casa. Fomos em silencio e olhando para a frente, eu curtindo o vento no rosto e achando a paisagem muito mais bonita que de habito. Quando chegamos, ele quis me beijar, mas eu fiz que nao com a cabeça e o empurrei levemente com o antebraço. E, com a cara mais impassivel do mundo, tirei a alianca, botei na mao dele, disse que me esquecesse, acenei bye-bye e entrei, ele lá fora com a aliança na palma da mao estendida, o queixo certamente tocando a cintura."
(Pagina 80)


Nenhum comentário: