domingo, 2 de setembro de 2001

Ontem aconteceu algo doido, estranho. Nao saquei nada.

Tudo bem... Eu me prometi que nunca ia perder nenhuma oportunidade e que ia fazer tudo o que tivesse vontade... Tou fazendo, entao.
Sem peso na consciencia, sem remorso.
Mas nao era para acontecer.

Faco tudo o que for para me dar prazer, de qualquer forma que seja.


Eu odeio essas formas que os pais tem de retaliar os filhos. Essa pressaozinha que eles parecem ter um gozo enorme em realizar. Eu nao queria sentar para almoçar com eles. Acho podre essa coisa ritualistica que as pessoas tem em torno das refeicoes, esse TER de sentar, de esperar e tudo mais. Argh. Disse que nao ia sentar para almoçar com eles e meu pai ficou puto, resmungando. Retruquei: "Porra, deixa eu fazer o que eu tenho vontade. Que coisa." Minha mae também nao gostou do fato e ficou falando que se eu sujasse algo no escritorio, ela ia me fazer limpar com a lingua. E ficaram os 2 resmungado. Uma hora eu me enchi e falei "Parem de resmungar, que saco."
Eu deveria ter acrescentado: "É por essas e outras que eu nao sento para comer com vocês."


Um texto que me bateu agora. Alguns textos me vem como tapas na cara.

Ressonância
Fiz para ter-te ao meu lado. Agora parei com tudo isso e posso ouvir ao longe a tua voz querendo que eu continue, mas eu finjo ser apenas mais um dos lamúrios que a noite me traz.

Mas não quero. Não mais. Não mesmo. (E se eu preciso repetir é porque ainda não me convenci.)

Esse silêncio que tomou conta de mim calou-me até as palavras que eu fiquei devendo de te dizer. Eu sei que não vou dizer mais nada. Não preciso de mais nenhuma dor de sacrifício.
Essa loucura de sensatez me consome, tirando-me as últimas e exasperadas gotas de paixão. Bebo teu nome e engulo tuas cortantes palavras sem líquido, elas vão me dissecando por dentro.

Palavras secas, a seco e na seca. Eu estou vivendo nesse terreno estéril solidão e ao meu lado, saudade. Fica aqui, pois é silenciosa como cada lágrima que me tomba dos olhos e irriga o solo. Quem sabe não nasce flor? Cala no meu peito o suspiro da antepenúltima vontade de ter vontade. O vento bate e carrega pequenos grânulos de areia. Protejo meus olhos com meu braço e abaixo a minha cabeça entre as pernas. Sinto mais uma vez aquela dor de parto e a angústia de saber que nada me basta. Meu corpo se treme. Nada me é simples e eu dificilmente desisto. Isso só torna tudo mais doloroso.

Eu me calo porque dei-me calos.

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