terça-feira, 15 de janeiro de 2002

Eu não sei de quando data esse texto, só sei de sua história: foi escrito a 6 mãos em plena Lapa, as 3 da manhã. Estávamos eu, Maria e Maria Rita sentadas em uma escadaria e começamos a escrever o texto no verso de um papel qualquer. O resultado foi esse:

Poetando na Lapa

Lagartos e lagartixas
Devorando-me com olhos buscados em vão
entre paralelepípedos

Os paralelepípedos insinuam-se para mim:
Acabam se confundindo com as minhas lagartas internas
Daquelas que queimam
E com isso, me lembram de não toca-las

Tenho vinho, tenho vinho na cabeça
E vermelho por todo o corpo
O sexo oposto está só do lado de fora: passando, passando
Não cessa.

“There’s a natural mystic blowing through the air…”
É, tem uma magia
Que explode as questões numa só troca de olhares
Que revela mundo
E traz outras ainda questões sobre o novo não-mundo implodido

Eu estou com sono,
Embriagada pelos cheiros, cores e gostos do mundo
Esse cheiro não cessa também
Nem quero que cesse
Quero cheira-lo em carreirinhas
Nada de repressão
Principalmente às minhas emoções

Por que as pessoas estão tão assustadas?
E são tantas, tantas...
Nesse lugar mágico cabem infinitas delas.

Inclusive covardes
maconheiros
gays
cabeludos
poetas
E pseudo-poetas...

Como eu.



Eu nao acho esse texto de um brilhantismo poetico inenarravel. Acho apenas que o grande mérito dele é ter sido escrito nas condicoes que foi e ainda assim ser tao coeso. Isso só mostra que todas nós estavamos no mesmo clima.

Saudades das minhas noites na Lapa.

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