quarta-feira, 3 de abril de 2002

Na verdade, hoje eu nao queria falar. Sei lá. Sinto-me um pouco vazia, chateada com essas coisas de vestibulares, com a distância forçada do Dani, com essa violência da minha cidade (cada vez eu tenho mais medo de sair de casa, de andar pelas ruas; sinto-me meio presa.). E ao mesmo tempo, nao há o que fazer. Nao se trata de conformismo; é apenas a visivel falta de alternativas viáveis. Tudo isso doi. Nao sei. Hoje eu estou frágil. Quero encolher-me em um cantinho e só acordar quando vier alguma boa noticia.

Por ora, eu vou deixar uma poesia para vocês. Essa eu catei do caderno de inscricao desse para a 1a fase da UERJ.

Dois e dois: quatro

Como dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
embora o pão seja caro
e a liberdade, pequena

Como teus olhos são claros
e a tua pele morena

como é azul o oceano
e a lagoa, serena

como um tempo de alegria
para trás o terror me acena

e a noite carrega o dia
no seu colo de açucena

- sei que dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena

mesmo que o pão sej caro
e a liberdade, pequena

Ferreira Gullar

Nenhum comentário: