quinta-feira, 26 de julho de 2001

Porra que merda.
Eu tava no maior tesão literário aqui... Tinha escrito um texto lindo, que era tudo o que eu queria dizer há mor tempão. Apertei uma tecla sem querer e tudo foi pro espaço. Eu odeio esse teclado as vezes... Ele é bom de escrever, mas tem aquelas teclas de atalho que infernizam qualquer usuário avesso a modernidades, como eu.
Pau no cu do Bill Gates que faz um teclado todo rebuscado que só complicam as funções essenciais de um teclado: permitir a escrita, porra. É para isso que serve.
Teclado num tem de ter atalho não. Pau no cu dessa gente metida a prática que acha que quanto menos teclas melhor. Eu escrevo, digito muito. Falo mesmo. O teclado só serve de instrumento. Tirar a beleza da escrita, da leitura, é isso que a modernidade vai aos poucos conseguindo com essa mania de ser resumitiva. O que era para ser a aventura de ligar e desligar um micro, ver a beleza da genialidade humana e admirar o que fomos capazes de criar, vira um simples apertar de botões. Pode isso? Eu acho que não pode não.
Daqui a pouco, a vida será uma tecla on/off. Se já não é e eu não me dei conta. Eu e essa minha ingenuidade...!


Como explicar que você precisa de silêncio quando estão todos a sua volta falando de assuntos burocráticos?
Difícil, não?
Aqui nessa casa é dilema.
Todos se sentiriam profundamente ofendidos se eu pedissem que se retirassem do recinto porque eu quero silêncio. Ninguém entende essa suprema necessidade de calar o mundo exterior para ouvir a voz dos pensamentos. E isso é básico pra mim.

Taí... Hoje eu queria mesmo estar assim: silêncio, à meia luz, um bom copo de vinho tinto (lembrando sangue), um cigarro de canela. Pronto, eu estaria feliz. Só ia faltar a silenciosa e meditativa companhia do gatinho. Hoje eu, que nunca fumei maconha na vida, fumaria.


"Eu era águia em casulo de borboleta"
(Eu numa poesia após meu caso breve com o mesmo gatinho, só que no ano passado)

O gatinho ligou hoje. Tá tudo tranquilo, continuamos bem (e espero que continuemos por muito tempo). Devemos sair só na sexta porque ele tá atolado com os trabalhos do estágio dele, relatórios para não perder a bolsa de iniciação científica, essas coisas. Cuidar da vida profissional. Deveria só ter uma legislação que proibisse que nos cuidássemos mais da nossa vida profissional do que da afetiva. Balancear as coisas; deveriamos ter cotas pre-estabelecidas, isso sim. Poupariamos tempo no divã.


"Não quero mais saber do lirismo que não é libertação"
(Manuel Bandeira)

O que eu preciso mesmo é consertar rapidinho a conversa que eu tive com ele. Foi uma conversa boa... Eu mandei um papo ultra-modernoso sobre relacionamento aberto, sem cobranças e tals. Modernoso da boca pra fora. Da boca pra dentro, eu quero ele perto de mim. Gostaria até de um namoro bem light... Aberto ou não. Preciso propor. Preciso mais: preciso saber quando propor. Mas disso meu bom senso e minha boa intuição darão conta.
Admito: me sinto mais livre com o gatinho do que me sentia quando sozinha. Estranho, não? O carinho dele e o amor que eu sinto por ele não constituem para mim uma prisão e sim libertação. Ele me tirou de uma onda muito louca, tanto da primeira quanto da segunda vez. Eu entendo agora coisas que nunca entendi. E tou começando a entender que namoro não é prisão. Namoro só faz sentido quando é liberdade; é isso que eu penso e quero no fundo. O que resta mesmo, é uma vontade intensa de ser feliz ao teu lado. E um medo enorme de te perder. Medo bobo, eu sei. Medo que não leva a nada porque meu medo não te segura. E nem deve: quero você do meu lado por vontade e não por dever. Nunca por dever. Peço que vá embora se sentir que está ao meu lado por dever. Você deve ser feliz. Do meu lado ou não.
Uma boa poetisa cujo nome nao me lembro, diz: "O homem amado, eu o quero livre. Até de mim."
Não, eu não te expulso com esse ''até de mim". Eu o trago para perto porque eu também quero ser livre. E já acabei de provar por a+b que amor não é prisão.


De resto, a vida resolve pra gente. Isso vale também para você. Acalme seus pensamentos. As respostas das quais precisamos nunca tardam o bastante para não podermos utiliza-las. Que diabo de merda seria a vida se nunca tivessemos certas respostas, por mais simples que fossem? Uma merda maior ainda, não é?
Então senta e relaxa.

Agora eu vou mesmo é jogar um bom RPG e voar prum mundo além daqui.

Sabe o que eu acho de tudo isso? É tudo fruto de uma meditativa TPM, as always.
Um "selinho" em todos vocês, leitores pacientes.

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