terça-feira, 27 de novembro de 2001

Hoje eu tava fuxicando aqui meus textos e vi o texto que eu acho o mais lindo que eu já escrevi. Estava numa folha, escrito a lápis porque alguem me pedira para le-lo ao ouvir um outro alguem elogiando e eu tentei escreve-lo de cabeca, sem muito sucesso. Minha reacao quando vi a folha com ele escrito a lapis? Apaguei o texto. Apaguei tomando muito cuidado para nao amassar a folha e para nao deixar nenhum vestigio de que naquela folha algum dia tinha um texto. Pretendo reutilizar o papel, escrever algo bem banal... Ou ainda, copiar alguma matéria do cursinho.

O motivo? Esse texto me traz fantasmas. Eu olhei para o dito e fiquei pensando sobre aquela circunstancia na qual ele foi escrito: eu em conflitos por causa de um garoto, palavras entaladas na garganta, uma puta crise existencial e um relacionamento surreal que so deveria existir mesmo porque a verdade é a mentira muitas vezes repetida.

Eu senti muita dor quando eu pensei naquilo. Eu até cheguei a ler o texto para o menino. Ele ouviu atencioso, nao acreditou que o texto pudesse ser meu (devia me julgar uma menininha de 17 anos sem grandes complicacoes emocionais) e quando eu disse que escreve para ele, pude ver o queixo dele caindo atraves do telefone. Ele desconversou.
Ignorou simplesmente tudo o que eu tinha escrito. Várias vezes eu encontrei com ele depois disso e sempre esqueci de estar com uma copia em maos para entregar a ele. Queria mesmo que ele tivesse uma copia. Nao tinha a pretensao de que ele iria guarda-la para sempre, mas para ele entender o que se passou naqueles dias comigo.

Eu nao quero mais ve-lo. Nao sei nem se quero mais ver esse texto. Eu nao quero saber de mais nada. Quero esquecer aquele periodo. Queria que ele fosse como o texto na folha, que eu pudesse apaga-lo com borracha e pensar "ufa! ele nao existe mais". Mas nao dá.

Eu preciso crescer e aprender a lidar com frustrações.

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